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A lucidez dói mais que a perda: quando entender não basta para suportar

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jun 26, 2025
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A lucidez dói mais que a perda: quando entender não basta para suportar
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Saber o que nos acontece não alivia. Pelo contrário, às vezes piora. Há dores que se tornam mais insuportáveis depois que recebem nome. É como se o véu caísse, mas ao invés de liberdade, o que surge é um abismo. A lucidez, por mais que seja vista como virtude, não é consolo. Ela não protege. Apenas denuncia, com mais clareza, o que já estava quebrado.

Na clínica, muitos chegam buscando respostas. E encontram. Mas a resposta não cura. Entender que você repete um padrão, que o outro não vai mudar, que sua relação se sustenta na culpa: nada disso, por si só, transforma. Porque o saber não é o bastante. Ele precisa ser atravessado, incorporado, vivido até que se esgote. A verdade dói. Especialmente quando desmonta uma fantasia que ainda sustentava algum chão.

Nietzsche já avisava: o homem não suporta demasiada realidade. Mas nossa época inverteu isso em fetiche. Queremos ser lúcidos, conscientes, despertos. Há uma vaidade na compreensão. Como se saber mais nos tornasse melhores. Mas saber mais, às vezes, apenas aumenta o sofrimento. Porque não há mais desculpas. E, ainda assim, não há força para mudar.

A lucidez solitária é cruel. Porque não encontra espelho. E porque carrega, muitas vezes, o peso de enxergar demais em um mundo que prefere não ver. Viver com clareza exige atravessar a angústia de perceber o óbvio. A relação que não vai mais para lugar nenhum. O trabalho que já não tem sentido. O corpo que não aguenta mais. A rotina que anestesia. O amor que virou pena. A verdade que ninguém quer ouvir.

Mas há também potência aí. Porque a dor da lucidez, embora árida, é fértil. É nesse ponto que se decide: repetir ou transformar. A consciência não é ponto final, é ponto de virada. Mas só vira quando a dor deixa de ser espetáculo e vira gesto. Quando o saber se encarna. Quando a lucidez não é usada como castigo, mas como semente.

Como não se perder no excesso de lucidez

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