O desejo de desaparecer: sumir como última forma de existir
Há momentos em que o desaparecimento não é fuga do real, mas reencontro com o que sobrou dele. Quando tudo se transforma em vitrine, a única forma de salvação é deixar de ser mercadoria.
Há momentos em que o desejo não é de mudar de vida, mas de sumir dela. Não se trata de morrer — o desejo de desaparecer é mais sutil, mais ambíguo, mais civilizado do que isso. É o anseio de se ausentar do campo dos olhares, de se apagar temporariamente do radar simbólico, de recolher-se do teatro da expectativa alheia e do próprio supereu. É um desejo limpo, sem sangue: deixar de estar onde se é visto. É o desejo de dissolução sem tragédia. De cancelamento da função, da narrativa, da performance. Um cansaço tão sofisticado que não pede fim, mas suspensão.
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